Campeão dos rendimentosJoão Camara
O Porto deste ano foi vitima de si mesmo. À partida começou
por confirmar o seu favoritismo mais ou menos consensual, apesar da saída do
treinador nas
vésperas da
Supertaça.
Rui Barros
consolidou bem a equipa e fez o que tinha a fazer: não mexer. Estava ganho o
primeiro troféu da temporada.
Com a entrada do
Professor Jesualdo
Ferreira ficou claro que o sistema de três defesas ia ser abandonado, o
que justificou a vinda de
Fucile
e
Mareque,
a fim de passar a jogar com a tradicional linha de quatro defesas. No meio
campo a ideia era clara:
Paulo
Assunção –
Lucho –
Anderson.
No entanto aquilo que tinha sido a base do sucesso de
Adriaanse (um
meio campo poderoso), revelou-se um problema toda a época.
Paulo
Assunção esteve uns furos abaixo do que era esperado,
Lucho
fez uma temporada que justifica a sua (antes quase garantida)
não-transferência
no fim do ano. Por fim
Anderson
esteve parado até pedro do final da temporada. Valeu
Raúl
Meireles que se afirma cada vez mais como um grande
jogador.
Na Champions League voltou-se ao que já não era normal no Porto: as quase
vitórias. Vitima da juventude? Penso que não, o plantel mantinha-se há já uma
época e os resultados, apesar de melhores, não foram os esperados. O empate
com o CSKA e com o Arsenal em casa, o empate e derrota com o Chelsea são o
tipo de resultados que fazem a diferença quando se ambiciona, pelo menos, os
quartos de final.
A
Taça de
Portugal foi o inicio do fim da estabilidade (precária?) que caracterizou
o Porto até Dezembro. Com uma equipa de segundas escolhas entrou-se no
facilitismo e só quem não viu o jogo estranhou o resultado. Fica a imagem que
o trabalho de casa ficou mal feito e que os jogadores não foram mentalmente
preparados para aquele jogo. De Dezembro para a frente foi sempre a descer.
Duas derrotas consecutivas e empates desnecessários colocaram uma equipa
consolidada no primeiro lugar, em vias de ficar em terceiro a duas jornadas do
fim. Valeu
Adriano
que se mostrou mais uma vez talismã desta equipa a selar o
empate em
Paços de Ferreira e a iniciar a
reviravolta,
em casa, frente ao ultimo, na jornada
derradeira.
Como momento do campeonato, sem dúvida, o golo do
Adriano
conseguido frente ao Aves na última jornada. O tento conseguido em Paços de
Ferreira já tinha sido importante a salvar a época; mas estar empatado em casa
com o lanterna vermelha, marcar um golo, e relançar desta forma a busca pelo
primeiro lugar imortaliza qualquer carreira de um jogador, tornando-o assim o
ponto alto de uma época apesar de tudo dura e difícil.
No primeiro plantel que em alguns anos se aproximou à fantástica equipa da Liga
dos Campeões de 03', a estrela acabou por ser o jogador menos irregular.
Lucho,
por opção assumida do treinador, esteve o ano todo a ganhar forma... a titular,
pagando nas exibições a factura disso mesmo.
Anderson
foi vitima de uma lesão no momento mais alto da equipa e quando voltou pouco
acrescentou em termos de consistência de resultados.
Helton,
assim como o
Pepe, não
recebem o prémio merecido pelas suas boas exibições, pois são culpados...
Culpados porque aquilo que os faz notar como grandes jogadores é o facto de não
se fazerem ver durante um jogo.
Desta forma
Quaresma,
apesar de jogos menos bons, apesar de por vezes ainda se perder em fintas,
apesar de nem sempre os cruzamentos saírem com a precisão que já todos esperam,
foi a estrela da companhia. A capacidade que demonstrou de em pequenos
pormenores resolver um jogo tornaram-no o jogador mais importante do plantel.
Golos, assistências e uma capacidade de sacrifício imensa valem-lhe o estatuto
de Estrela do FC Porto.
Que o Porto é uma grande escola de centrais já toda a gente sabia. No entanto o
que ninguém imaginava era a capacidade de transformar eternas promessas em
revelações confirmadas. Depois de
Pepe,
Bruno Alves
surge como aquele jogador que sem capacidade de posicionamento, sem velocidade,
sem distribuição de jogo e com a responsabilidade de colmatar o emblemático
Pedro
Emanuel, subitamente se transforma no segundo esteio da
defesa.
Esta dupla de centrais não tem o carisma de uma
Jorge Costa –
Ricardo
Carvalho; no entanto, pela forma como consolidaram a sua posição e também
como seguraram a equipa nos momentos que o meio campo falhou, merecem pelo menos
o desejo de todos os querermos ver em acção com mais um ano de
entrosamento.
Foi possivelmente a aquisição de maior peso em
Dezembro, mas pouco mais mostrou do que muita pouca clarividência na tomada
das decisões e um grave problema de falta de técnica. Se foi vitima de um
Adriano
matador ou mesmo da falta de oportunidades que teve não se sabe. Se se
mantiver no plantel por mais um ano é necessária mais entrega, para
rentabilizar a presença que tem, e acima de tudo aquilo que se exige de um
avançado: golos.