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Futebol Clube Paços de Ferreira
Calisto ao ataqueJorge Carneiro Na ressaca de um ano brilhante seguiu-se uma época bem mais discreta, com a equipa a ser obrigada a adaptar-se às muitas mudanças na sua estrutura e a não conseguir dar uma resposta rápida. Rui Vitória sofrera muitas perdas entre os seus indiscutíveis, nomeadamente com atletas em final de contrato e regressos de empréstimos, e sem encaixes financeiros que permitissem assegurar a contratação de valores mais seguros restaram então as arrojadas apostas em estrangeiros desconhecidos e em atletas dos escalões inferiores. As expectativas não eram elevadas portanto, o que pelo menos retirou alguma pressão ao desempenho dos nortenhos - o objectivo ficou fixado apenas na manutenção. O próprio Rui Vitória, ele mesmo uma revelação da temporada transacta, acabaria por não ficar muito tempo ao leme da equipa, aceitando o ambicioso desafio de orientar o instável Vitória de Guimarães logo após a 3ª jornada e tendo no entretanto conquistado 4 pontos que estavam em linha com os objectivos. Luís Miguel, também ele um jovem técnico ainda com pouco para contar, foi a aposta de risco que se seguiu mas com resultados bem menos interessantes: entre um calendário mais exigente, asneiras próprias, limitações óbvias do plantel que herdara e o progressivo desgaste psicológico dos seus jogadores, esteve 8 jornadas à frente da equipa e deixou-a no último posto da classificação, somando os mesmos 4 pontos que Rui Vitória e sendo ainda eliminado da Taça de Portugal. Por esta altura o futebol praticado é miserável e o Paços o conjunto que mais golos sofre na Liga, e assim apesar de uma ou outra revelação interessante como Luisinho ou Michel o ambiente na Mata Real é por esta altura de profunda preocupação: a manutenção parece estar seriamente em risco. Sem mais tempo a perder, a direcção inverteu a fórmula de apostar em técnicos desconhecidos e faz regressar então Henrique Calisto à Mata Real, após 10 anos de intenso sucesso na Ásia. Com uma objectividade desarmante o treinador traça de imediato o diagnóstico da equipa, concluindo que a defesa é fraca e inexperiente, os processos a meio-campo precisam de ser trabalhados, o ataque está a corresponder mas beneficiaria de mais opções. A incursão no mercado de Inverno é assim cuidadosamente planeada e faz chegar reforços decisivos para o sector mais recuado: Ricardo e Ozeia regressam para o centro, Tony chega para tapar o buraco na lateral direita, Arturo Alvarez é a estrela exótica que pode fazer qualquer uma das alas. Finalmente, a partida inesperada de William Arthur é compensada pelo interessante Julio Aguilar, que também acaba por não ficar muito tempo. Se é verdade que chicotadas psicológicas poucas vezes têm sucesso, neste caso os resultados observados não deixam quaisquer dúvidas quanto à eficácia da mudança. O Paços começa a crescer e após 3 ou 4 semanas de trabalho volta a ser uma equipa organizada e competente sobre o relvado, assente numa defesa muito sólida, experiente, e num meio-campo finalmente optimizado que utiliza apenas peças já existentes, mas reordenadas no relvado. Com uma postura manifestamente ofensiva o ataque passa de cumpridor a temível (23 golos na 2ª volta) e Michel assume-se mesmo como um dos avançados mais interessantes a alinhar em Portugal, secundado por Melgarejo, um extremo revelação. E mesmo jogadores até aqui com prestações discretas, como Vítor e Luiz Carlos, crescem a olhos vistos e começam a conquistar o respeito dos adversários. Com exibições sempre em crescendo, os pontos vão-se acumulando e o Paços vai-se gradualmente afastando das zonas mais críticas da classificação até atingir águas mais tranquilas. Os empates nas jornadas finais frente a FC Porto, Braga e o europeu Marítimo servem como certificado de competência e são pequenos pontos de destaque na época. Os castores terminaram assim a campanha num tranquilo 10º lugar, perfeitamente compatível com os objectivos iniciais e que acaba por ser muito positivo dadas as difíceis circunstâncias da temporada, bastando lembrar que somava meros 8 pontos no final da primeira volta e que na segunda conseguiu amealhar 23. Muito do mérito pertence a Henrique Calisto, que infelizmente sempre assumiu não ter interesse em continuar em Portugal dada a maior rentabilidade dos empregos na Ásia. Parte deixando um plantel consolidado e recheado de valores interessantes, permitindo uma perspectiva optimista para 2012/2013 e facilitando bastante o trabalho do seu sucessor. O momento: U.Leiria 2-4 Paços de Ferreira, sair do poçoTarde de bom futebol e de tentos aos pares em Leiria. Ogu, o melhor dos anfitriões, marcou dois golos tremendos para a União local, intermediados por um bis oportuno de Manuel José a corresponder à boca da baliza. Com empate ao intervalo, Michel fecharia a tarde com mais dois na segunda parte, ambos a finalizar jogadas letais e inteligentes de Melgarejo. Apesar do resultado e da marcha do marcador sugerir alguma discussão sobre o relvado os nortenhos trucidaram o Leiria, superiorizando-se na batalha do meio-campo e dando largas a um futebol alegre e de circulação rápida e incisiva. O mais relevante foi no entanto que o Paços saía finalmente da zona de despromoção, coroando um ascendente exibicional que já se vinha verificando há pelo menos 4 jogos consecutivos e que reflectia bem o trabalho de Calisto. Entre a 15ª e a 18ª jornada os castores somariam mesmo 3 vitórias e um empate, ascendendo ao 12º posto e desde então nunca mais regressando às posições de descida. A estrela: Melgarejo, matador escondidoExtremo esquerdo muito perigoso que apareceu este ano em Portugal. Chegou como mais um anónimo jovem sul-americano contratado pelo Benfica e de imediato colocado a rodar à experiência noutro emblema, contando apenas com algumas internacionalizações sub-20 para abrilhantar o seu cartão de visita. Se a chegada à Mata Real não entusiasmou os adeptos - Caetano era o menino bonito dos associados para a mesma posição - os primeiros treinos trataram logo de indiciar que estava ali um jogador diferente, com capacidades técnicas raramente vistas no futebol mais físico e veloz do Paços. As primeiras impressões não enganaram e o paraguaio Impôs-se com grande naturalidade no onze pacense, chamando a atenção pela capacidade de romper pelos flancos e, principalmente, pela inteligência e à-vontade na concretização. Com efeito, Melgarejo aproveitava a capacidade de Luisinho de fazer todo o corredor para frequentemente surpreender os adversários através de fugas venenosas da linha para o centro, surgindo depois solto em frente à baliza para finalizar com frieza e eficácia dignas de um matador puro-sangue. Acumulando execução perfeita atrás de execução perfeita somou 10 golos para o campeonato e mais um para a Taça que tornaram o paraguaio como o castor mais mortífero da temporada, com a tal “agravante” de teoricamente alinhar numa posição longe da baliza. Fala-se que poderá regressar já ao Benfica, sendo duvidoso afirmar que se encontra pronto para ombrear com nomes como Nolito, Bruno César e companhia por um lugar nos flancos encarnados. Por outro lado e tendo em conta que ainda tem somente 21 anos poderá ainda ser aposta para crescer na equipa B encarnada, quiçá como avançado centro dado que no papel parece ser a posição mais adequada para as capacidades que exibiu. Por enquanto a única certeza é que conquistou direito a provar os seus atributos num emblema com outras aspirações. A revelação: Luisinho, o Coentrão da Mata RealCom as partidas de Pizzi e Maykon, Caetano assolado por problemas físicos e Manuel José a ser necessário em posições mais recuadas um dos principais desafios do Paços de 2011/2012 passaria pela renovação das alas ofensivas. Luisinho, extremo veloz e trabalhador que se tinha evidenciado ao serviço do Desportivo das Aves, foi assim a primeira aposta de Rui Vitória para cumprir esse objectivo, seduzido pelo alto rendimento do jogador em qualquer uma das alas. A pré-temporada foi positiva e a estreia para o campeonato com um golo também - Vitória de Setúbal, logo na primeira jornada - fazendo antever uma afirmação tranquila do atleta no primeiro escalão. Todavia, se ofensivamente o Paços estava de boa saúde pelo contrário enfrentava graves limitações no sector mais recuado, onde centrais e laterais sofriam lesões e castigos a ritmo supersónico e obrigavam Rui Vitória a ser muito criativo para encontrar adaptações à altura. Foi à 5ª jornada e já com Luís Miguel ao leme que o técnico entendeu recuar Luisinho para tapar a lateral esquerda, despoletando aí uma surpresa galática. O jogador já antes demonstrava pulmão e intensidade úteis a defender; mas dispondo agora de mais espaço para embalar em velocidade esses atributos ganhavam outra dimensão ofensiva, permitindo-lhe encher e dominar o flanco com grande exuberância mesmo quando em inferioridade numérica, num estilo a evocar o internacional Fábio Coentrão. A adaptação temporária rapidamente passou a ser uma mudança permanente de posição e daí para a frente Luisinho só falharia a 28ª jornada por castigo, formando com Melgarejo uma asa esquerda temida por todos os adversários. Tem contrato por mais dois anos mas dadas as qualidades demonstradas é certo que não vai continuar a representar o Paços de Ferreira - a dúvida é mesmo se irá para um dos quatro grandes ou para o estrangeiro. Pena que tenha chegado tão tarde à primeira divisão, quando desde 2008/2009 - então ao serviço do Moreirense - que chamava a atenção dos mais atentos às competições inferiores, e assim aos 27 anos é uma revelação tardia. A desilusão: William Arthur e Fábio Faria, o traidor e o traídoFoi o Paços que abriu as portas da Europa a William Arthur e que lhe deu a oportunidade de demonstrar as suas capacidades. Quando se lesionou com gravidade o clube soube esperar pelo goleador, quando recuperou e quis sair para a Rússia o emblema não lhe cortou as pernas; quando a carreira a partir daí caiu a pique lá estava a Mata Real para este ano o receber e para lhe conceder mais uma chance. Apareceu em muito má forma, com exibições tímidas e desinspiradas, mas Luís Miguel acreditou sempre no ponta de lança e Henrique Calisto também não lhe retirou a titularidade mesmo tendo somente um golo marcado e com Michel a entusiasmar muito mais. Infelizmente William pareceu determinado a trair a confiança nele depositada, acumulando momentos menos correctos até reagir mal a uma substituição, e, não contente, de seguida vir a público denegrir as opções de Calisto. Acabou por praticamente forçar o clube a chutá-lo pela porta pequena, e - pormenor delicioso - a recuperação do Paços arrancou logo de seguida. De Fábio Faria, esperava-se que se afirmasse como uma mais-valia numa defesa frágil, recheada de buracos. As expectativas sairam furadas, infelizmente, e o central deu sequência à trajectória descendente da carreira, depois de ter brilhado intensamente antes de chegar ao Benfica. Acumulou erros individuais, falhas de concentração inexplicáveis e um largo excesso de faltas e de cartões que prejudicaram o Paços de Ferreira, ainda que notoriamente estivesse a esforçar-se para não comprometer. Em Janeiro o Paços renovou o centro da defesa e Fábio mudou-se para a sua querida Vila do Conde, mas nem aí foi feliz: logo ao primeiro jogo foi traído por uma insuficiência cardíaca que escapara aos exames médicos, e que pode significar o final precoce de uma carreira que já foi muito promissora. |
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